sábado, 30 de octubre de 2021

Mario Sá-Carneiro (Lisboa, 1890 – París, 1916)

Novelista, cuentista y poeta modernista. Sumido en una gran depresión, se suicidó con tan sólo 26 años en presencia de su amigo José de Araujo, ingeriendo seis frascos de arseniato de estricnina, en un hotel en Montmatre.

Entre sus obras, ‘Amizade’, ‘Princípio’, ‘A confissao de Lúcio’, ‘Dispersao’ y Céu em fogo’.


Último soneto

Que rosas fugitivas foste alí!

Requeriam-te os tapetes, e vieste…

Se me dói hoje o bem que me fizaste,

é justo, porque muito te devi.

 

Em que seda de afagos me envolví

quando entraste, nas tardes que apareceste!

Como fui de percal quando me deste

tua boca a beijar, que remordí…

 

Pensei que fosse o meu o teu cansaço…

Que seria entre nós un longo abraço

o tedio que, táo esbelta, te curvava…

 

E fugiste… que importa? Se deixaste

a lembrança violeta que animaste,

onde a mina saudade a Cor se trava?

Fim

Quando eu morrer batam em latas,

rompam aos saltos e aos pinotes,

façam estalar no ar chicotes,

chamem palhaços e acrobatas!

 

Que a meu caixao vá sobre um burro

ajaezado à andaluza…

A un morto nada se recusa,

eu quero por força ir de burro.


Imágenes:https://www.google.com/

No hay comentarios:

Publicar un comentario